Comunicado do Observatório de Estudos da Palestina – 7 de Outubro (.pdf)

No dia 7 de Outubro, completam-se dois anos desde o início do genocídio em curso contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza. Durante este período, pelo menos 65.000 palestinianos foram mortos. Apesar da crescente preocupação internacional, a violência continua não só em Gaza, mas também na Cisjordânia ocupada, onde se intensificaram os castigos coletivos, as restrições de circulação e a violência dos colonos.

Em setembro de 2025, a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre os Territórios Palestinianos Ocupados confirmou que Israel cometeu genocídio contra os palestinianos em Gaza e instou “Israel e todos os Estados a cumprirem as suas obrigações legais ao abrigo do direito internacional para pôr fim ao genocídio e punir os responsáveis” (A/HRC/60/CRP.3, 16 de setembro de 2025). O Tribunal Internacional de Justiça considerou ainda os atos de Israel plausivelmente genocidas no caso África do Sul vs. Israel. A Relatora Especial da ONU para a situação dos direitos humanos nos Territórios Palestinianos ocupados desde 1967, Francesca Albanese, detalhou “a anatomia de um genocídio” (2024) e a “economia do genocídio” (2025). Em Setembro de 2025, a Associação Internacional de Académicos do Genocídio (IAGS) adotou uma resolução afirmando que as políticas e ações de Israel em Gaza cumprem a definição de genocídio estabelecida na Convenção do Genocídio de 1948.

Esta violência genocida estende-se à destruição sistemática da educação e da produção de conhecimento. O ataque às instituições académicas palestinianas tem sido descrito como um escolasticídio. A aniquilação dos espaços educativos e da vida intelectual, que equivale à violência epistémica e a uma tentativa de apagar a cultura, o conhecimento e a autonomia. As universidades de todo o mundo, incluindo a nossa, não podem ficar caladas perante isto.

As instituições académicas estão frequentemente envolvidas, através de parcerias, agendas de investigação ou investimentos financeiros, com estruturas de militarização e violência colonial. Reconhecer estas cumplicidades estruturais é essencial para repensar o papel da academia face às injustiças globais.

Para assinalar este dia, apoiaremos e participaremos na vigília organizada pelos Estudantes pela Palestina na terça-feira, 7 de outubro, às 14h30, no pátio do Iscte, sob as oliveiras. Esta vigília é um espaço de reflexão e de comemoração, mas também de responsabilidade coletiva. Convidamos calorosamente todos a participar, reforçando a urgência política e ética da mobilização global contra o genocídio que se espalhou pelo mundo


Sobre o OPal:

Por iniciativa conjunta de dois centros de investigação, CEI-Iscte (Centro de Estudos Internacionais) e o CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia), do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa foi criado o Observatório de Estudos da Palestina (OPal). 

O OPal é dedicado ao campo interdisciplinar dos Estudos da Palestina, sendo um marco relevante no desenvolvimento de uma abordagem crítica e urgente à história, sociedade e política palestinianas. O OPal é também uma iniciativa académica pioneira, dentro da União Europeia, na sua temática. Quando o genocídio contra o povo palestiniano atinge proporções sem precedentes, o OPal afirma a importância do rigor académico aliado à responsabilidade ética.

Convidam-se investigadores, estudantes e instituições a juntarem-se ao Observatório de Estudos da Palestina, em prol do conhecimento, da justiça e da responsabilidade. Contacto: palestinestudies@iscte-iul.pt