O Grupo Internacional de Estudos da Imprensa Periódica Colonial do Império Português está a promover uma jornada a decorrer no dia 8 de Junho no edifício ID da FCSH (Lisboa). O encontro é aberto a membros e não membros do Grupo. O objectivo é discutir o conceito “colonial” e seus usos passados e presentes, visando sobretudo as suas implicações, potencialidades e problemas ideológicos, políticos e epistemológicos numa série de decorrentes conceitos / áreas de estudo (p.e. império colonial, estado colonial, literatura colonial, imprensa colonial, ciência colonial, antropologia colonial…). Naturalmente esta constelação conceptual é tributária da moderna afirmação teórico-prática do colonialismo e dos impérios coloniais (ou colonialistas?) e a sua abordagem na actualidade não pode ignorar as implicações ético-políticas dos debates pós-coloniais e dos esforços descolonizadores da construção dos objectos e dos discursos científicos.
A ideia do encontro nasceu numa reunião decorrida no princípio do ano no âmbito da constituição do projecto (agora grupo) de estudos da imprensa periódica colonial do império colonial português, em que estiveram presentes a Adelaide Machado, a Cátia Miriam da Costa, o Everton Machado, o Pedro Schacht Pereira e a Sandra Ataíde Lobo. Dessa conversa emergiu o comum reconhecimento não só das dificuldades de delimitação do conceito e da referida constelação como do carácter problemático do seu emprego, mormente na constituição de objectos de estudo, a ponto de muitos investigadores das Ciências Sociais e Humanas optarem por os evitar em favor de conceitos/termos aparentemente mais “neutros”.
Pareceu-nos que não podíamos deixar de abrir a discussão, principalmente quando propúnhamos defender a pertinência da afirmação de um objecto de estudos, ligando as mais diversas geografias e povos, contextos e relações históricas, cujo sentido decorre precisamente da centralidade que vimos conferindo ao conceito de colonial para designar o nosso objecto e definir o espaço histórico privilegiado. As próprias investigadoras que começaram a esculpir o projecto e a promover a constituição do grupo mantinham (e mantêm) uma discussão em aberto sobre a matéria. Esse debate vem sendo alargado aos outros membros do grupo, principalmente àqueles que têm participado mais activamente no seu arranque, tendo beneficiado de contribuições significativas de participantes em algumas sessões de apresentação do projecto. A discussão tem sido centrada em questões tais como o entendimento / âmbito dos conceitos de “imprensa periódica colonial”, império e império colonial, império português, que vêm acompanhando a configuração do projecto e o próprio processo de estabilização do nome do grupo. O seu apuramento tem decorrido com uma crescente consciência das suas implicações epistemológicas, éticas e políticas.
É precisamente por entendermos que esta é uma discussão que mantém pertinência, apesar do muito que tem sido reflectido por investigadores/teóricos consagrados, que vimos propor a todos os interessados a participação neste encontro, no qual mais do que retirar conclusões esperamos que todos possamos enriquecer com uma discussão inter/transdisciplinar da temática. O modelo não será de apresentação de papers mas de discussão a partir de um conjunto de questões próprias a cada área disciplinar ou transdisciplinares, previamente propostas pelos participantes, ou de outras que venham a surgir do próprio debate. Ainda não temos um modelo definitivo para a sessão mas estamos a colocar a hipótese de dedicar a parte da manhã a uma discussão mais genérica/transdisciplinar e a parte da tarde a áreas disciplinares se tal se verificar pertinente.
A participação pode ser presencial ou por videoconferência. A discussão será em português mas quem tiver mais à vontade com o inglês pode escolher esta língua para intervir.
Para podermos planear as condições logísticas pedimos que até ao dia 22 nos enviem a ficha de inscrição que anexamos.
Nela verão que apelamos aos interessados a propor uma ou mais questões / perspectivas de debate para podermos assentar um modelo que faça sentido. Quem assim fizer, terá cerca de 5 minutos na sessão para abrir a discussão. Serão igualmente bem-vindas sugestões de textosque considerem particularmente pertinentes para enriquecer o arquivo teórico comum. Pedimos, igualmente, que confirmem a forma de participação (presencial / videoconferência). Finalmente, pedimos que declarem se aceitam ou não que a sua intervenção seja filmada/gravada, para arquivo de actividades do Grupo de Estudos. Na eventualidade de optarmos por colocar on-line uma versão editada desta jornada, quando a página do grupo estiver constituída, comprometemo-nos a pedir autorização a cada interveniente.
Cordialmente,
A Comissão Organizadora da Jornada
(Adelaide Vieira Machado, Alice Santiago Faria, Cátia Miriam da Costa, Everton Machado, Hilarino da Luz, Isadora Ataíde da Fonseca, Jessica Falconi, Pedro Schacht Pereira, Sandra Ataíde Lobo)