Detalhes do evento


Poderá assistir através deste link à sessão.

Resumo da sessão [texto por Grupo de Alunos Descolonizando o Pensamento]

“No passado dia 19 de março decorreu a primeira roda de conversa organizada pelo Grupo de Estudos Descolonizando o Pensamento. O tema desta primeira sessão foi “Violência sexual em contextos de guerra e paz” apresentado pela Professora Silvia Roque e contando com a presença de outro pessoal docente, alunas e alunos de diferentes mestrados e também de doutoramento. Cumprindo com o objectivo de descolonizar e desconstruir as nossas abordagens do tema, e sob o lema “o pessoal é político mas também internacional”, Sílvia Roque centrou a sua exposição nas construções e narrativas sobre a violência sexual, assentes em ideias preconcebidas sobre o género e também em dinâmicas coloniais, sublinhando como cada época histórica possui as suas próprias formas de violência sexual assim como as suas próprias estratégias de normalização dessa violência. No marco do análise crítico das construções sobre violência sexual implicitamente produzidas pelas resoluções da ONU sobre a matéria, a professora questionou a possibilidade de fazer uma diferenciação nítida entre contextos de guerra e contextos de paz, criticou a concepção restrita da violência sexual como arma de guerra que não abrange os contextos quotidianos de violência e também o tratamento da violência sexual como uma questão técnica e sanitária e não como um fenómeno socio-político estrutural. Finalmente também analisou como em ditas resoluções o género com categoria de análise do fenómeno da violência sexual acaba sendo deixado fora da equação, impedindo portanto um analise profundo das suas causas; de igual forma, o tema da racialização da violência sexual e das dinâmicas coloniais nela inscritas fica também disfarçado sob o pretexto “cultural” e de classe. Com estas questões, abriu-se o debate, ao longo do qual falou-se também da violência sexual praticada pelos agentes das missões de paz da ONU, dos casos de violações no seio do exército dos Estados Unidos, das estatísticas sobre violações na França e dos escândalos sexuais nos quais a Oxfam envolveu-se recentemente em Haití.”