O investigador do CEI-IUL, João Ferreira Dias, escreveu um artigo para o blog Changing World sobre as eleições no Brasil:
Disputam-se, por estes dias, à margem das campanhas presidências, as campanhas para eleger os deputados federais e estaduais no Brasil. Embora as mesmas pareçam de menor importância diante das vitais eleições presidenciais, em que os cidadãos irão eleger o sucessor de Michel Temer – numa corrida onde Lula da Silva lidera as intenções de voto, seguido do ultraconservador e defensor da ditadura militar, Jair Bolsonaro –, a verdade é que na composição do tecido político brasileiro, na importância estratégica política, ideológica, social e cultural dos estados e dos municípios, essas eleições são determinantes para aferir os caminhos da democracia brasileira.
Ora, é precisamente aí, talvez de forma mais veemente que uma eventual eleição de Bolsonaro, que serão jogadas as mais decisivas cartadas na estruturação da teia política do país.
Um olhar cauteloso ao panorama social brasileiro destaca a forte presença da religião na estruturação político-social, dos municípios ao Senado. Num país onde a liberdade religiosa sempre deu pequenos passos e enormes saltos de retrocesso, o crescimento exponencial das igrejas neopentecostais e a sua penetração na política constituem um dos maiores entraves atuais à democracia plural no Brasil. Com taxas de crescimento acima dos 70 por cento, tais igrejas conquistam, de uma assentada, devotos e eleitores, engolindo as possibilidades de uma democracia plural e integrativa, para cerrar fileiras ideológicas em torno da família heterossexual, da moralidade cristã-evangélica, do desprezo pelas minorias étnicas, religiosas e sexuais, num movimento dramaticamente incomparável no Ocidente.
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Igreja da Assembléia de Deus em Imperatriz (Maranhão, Brasil) / foto de Jozeias3d / CC BY-SA 3.0