Painéis temáticos auto-organizados

 

Devido ao elevado número de propostas a Comissão Organizadora fez uma seleção rigorosa das propostas apresentadas.
A Comissão Organizadora selecionou os painéis/grupos de trabalho apresentados nesta lista.

Pedimos aos colegas cujos painéis não figuram nesta lista, e que portanto não foram aprovados, para por favor se integrarem com comunicações nos painéis disponíveis. A proposta de comunicação deve ser apresentada em formulário próprio até 15 de junho. Cada painel contempla 4 comunicações. É possível haver duas sessões do mesmo painel num total de 8 comunicações (4+4).

Pedimos aos colegas que por lapso apresentaram comunicações nesta fase para por favor apresentarem agora as suas propostas integrando-se nos painéis disponíveis. A proposta de comunicação deve ser apresentada no formulário próprio  até 15 de junho.

 

 

Colonialism and post-colonialism in the construction of African countries: scientific discourses, cultural diversity and transnationality?
Yolanda Aixelà (IMF – Consejo Superior de Investigaciones Científicas) e Ana Lúcia Sá (Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa) – yolanda.aixela@gmail.com
The critical revision of the Postcolonial Studies on the birth of the contemporary European states has raised the awareness of the difficulties in the construction of homogenous national identities. This acknowledgement had impact on the way of thinking African contexts, whose problematics manifest not only within their colonial history, but also sometimes in their own local and regional contemporary history. The current changes and continuities are part of a globalized world that shows mutations due to endogenous and exogenous causes. The crisis of the concept of “culture” defined as homogeneous parameter in a defined territory is dimensioned and relativized with the discourses about Africanness, or with the visibility of knowledge or with the impact of transnational communities in the context of associative political demand, including the economic empowerment in the communities of origin.In this general scenario, to observe countries like Equatorial Guinea, Angola and Morocco among others is of great interest: first, to consider the degree of influence of the colonization on their handling of cultural diversity; second, to analyze whether the cultures and ethnic identities are an identifier to distinguish the internal diversity or to strengthen national identities; third, to study the impact of transnational networks established in Europe on the ethnic and national claims in the contexts of origin.With an interdisciplinary approach, this panel aims at analyzing the colonial logics and the postcolonial discourses on otherness, the resistances to processes that occur in the dynamics of the African continent, and the reconstruction of the African knwoledge and recreation of African identities.

 

 Arquitecturas de Segurança na África Subsaariana. O papel das Organizações Regionais Africanas na gestão estratégica dos conflitos. Impactos para a segurança regional
Luís Manuel Brás Bernardino (Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa e Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar (CINAMIL)) – bernardino.lmb@hotmail.com
O complexo diagrama da conflitualidade mundial, especialmente nas regiões com maiores índices de conflitualidade intrínseca, onde se enquadra o continente Africano e em particular a região Subsaariana, constitui-se factor de constante atenção e objecto de múltiplas análises e estudos em todo o mundo. As Organizações Regionais Africanas, actuando em complemento das designadas “missões de soberania” dos Estados, têm aí o seu espaço privilegiado de intervenção, constituindo-se, segundo alguns autores, nos principais agentes internos da mudança na vertente da segurança e da defesa que vem ocorrendo em África, materializado pela edificação e operacionalização desde 2002 da designada “Arquitectura de Paz e Segurança Africana” (Dresso, 2012) (Cillier, 2013).O acompanhamento da conflitualidade e da violência em África, principalmente a necessidade de encontrar processos de paz na vertente da segurança humana, da segurança energética, segurança marítima e do desenvolvimento sustentável, em todo o continente Africano, foi e pensa-se que deverá continuar a ser, um factor de permanente preocupação para os Estados Africanos e para as Organizações Regionais, pois os seus objectivos primordiais enquadram-se na procura do desenvolvimento e da segurança sustentada nestes espaços. Estes actores têm procurado, numa dinâmica de crescimento organizacional, empreender um esforço continuado de afirmação regional, continental e global, agregando cooperação estratégica bi/multilateral de geometria variável em vários domínios de acção operacional e com diferenciados actores estratégicos conjunturais.Neste contexto, este painel temático em torno da segurança e da Arquitectura de Paz e Segurança Africana pretende fazer convergir o ponto de vista académico, militar e institucional e irá procurar discutir estas temáticas, reflectindo sobre o papel das Organizações Regionais Africanas na gestão estratégica dos conflitos e analisando quais os impactos para a segurança regional na África Subsaariana.

 

África e novas configurações de poder global: actores africanos, parceiros tradicionais e potências emergentes
Alexandra Magnólia Dias (Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa) e Elsa Gonzalez Aimé (Universidad Autónoma de Madrid, Espanha) – alexmagnolia.dias@gmail.com
Nos últimos anos, África deixou de ser caracterizada como o ‘continente sem futuro’. Com efeitos, as elevadas taxas de crescimento económico em vários países contribuíram para a mudança do estatuto do continente do seu ranking anterior como a região de crescimento mais lento no sistema internacional. Hoje, está a ultrapassar a América Latina, a Europa de Leste e o Médio Oriente e o contraste com os países mais afectados pela crise na zona euro torna-se mais pronunciado.No século XXI as novas configurações de poder global criaram oportunidades e condicionamentos para os atores africanos e os seus parceiros tradicionais. Com efeito, o envolvimento de potências emergentes em África, em particular a China, ampliou a agência de atores africanos na negociação e/ou aceitação das condicionalidades (políticas e/ou outras) que os Países ocidentais tendem a impor aos seus parceiros africanos.Desde o final da primeira década do século XXI, a crise financeira e económica (2008) e a crise da zona Euro (2011) em grande medida contribuíram para a transformação das relações entre os atores africanos e os Estados membros da OCDE.O Painel corresponde a uma tentativa de exploração de questões, a saber: De que modo os atores africanos têm utilizado o revivalismo económico nas suas relações com atores externos, sejam eles parceiros tradicionais ou potências emergentes. Em que medida a emergência do Brasil-Rússia-Índia-China e África do Sul (BRICS) transformou as relações entre os atores africanos e os países ocidentais? Em que medida, os parceiros tradicionais e mais especificamente os Estados com um passado colonial extravasaram das suas esferas de influência tradicionais e aproveitaram as oportunidades do progresso económico em África ao longo da última década. Os parceiros tradicionais estão a ficar para trás e a perder a vantagem quando comparados com as potências emergentes? Como utilizam os atores africanos a sua agência ampliada para prosseguir as suas próprias agendas políticas e económicas? Quais as implicações da crise na Zona euro e do revivalismo económico em África em termos dos fluxos migratórios?O Painel tem por objetivo compreender o papel em mutação de atores externos nas relações internacionais em África e a pressuposição neste contexto é enquadrar um conjunto de comunicações que reflictam acerca do modo como esta transformação global contribuiu para a formação das escolhas dos atores africanos e dos seus parceiros tradicionais. O painel pretende atrair comunicações que tenham como período de análise a primeira década do século XXI. Dentro do tema das relações internacionais africanas na primeira década do século XXI, o Painel visa integrar comunicações que tratem em particular dos seguintes tópicos:-Atores africanos e as suas relações com parceiros tradicionais e com as potências emergentes;- As políticas externas de Novos e dos Tradicionais atores externos vis-à-vis África;- A ascensão de potências emergentes, o seu envolvimento em África e a expansão dos espaços de negociação de políticas dos atores africanos com o resto do mundo;- A transformação (ou não) de eferas de influência pós-coloniais e pós-imperiais em África;- O revivalismo da economia em África, a crise da zona euro e a emergência de um novo padrão migratório do Sul da Europa para Países africanos.

 

Literatura e artes na (des)construção de identidades
Remo Mutzenberg (Universidade Federal de Pernambuco-Brasil e Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa) Luca Bussotti (Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa) – remutz@gmail.com
A artes, a literatura e o cinema e outras linguagens tem concorrido, historicamente, para a construção de identidades culturais/políticas, seja acentuando elementos particulares seja como composição ou agregação de elementos díspares, em diferentes níveis, do nacional ao local, do geral ao particular. Elementos estes classificados como religiosos, culturais, étnico/raciais, geográficos, geracionais, de gênero, de classes etc. a partir dos quais são propostos núcleos de identificação que definem fronteiras, posições, bandeiras e projetos de afirmação e reconhecimento. Estes processos adquirem visibilidade definindo campos identitários, locus de disputas e seu lugar no mundo. A partir destes pressupostos, o painel está aberto a análises destes recursos: a) como instrumentos mobilizados ideologicamente; b) como constituição de gramáticas para a construção de visões, concepções e conhecimento; c) e seus impactos, como quadros de referência, a partir do qual se torna possível a leitura da realidade e a articulação de identidades culturais/políticas. Neste sentido, o painel propõe a releitura destas linguagens no passado e sua importância contemporânea nos processos marcados pela heterogeneidade e pluralidade, em que a literatura, o cinema e as diversas formas de expressão artística tem contribuído para contornar e desafiar as análises formais do campo das ciências sociais. Nesta direção, o painel tem particular interesse em relação aos processos identitários em África e América Latina, tomando em consideração as experiências que atravessaram esses dois continentes, do colonial ao pós-colonial.

 

Hacer explícito lo implícito: la historia en los estudios africanos
Elsa Gonzalez Aime (Grupo de Estudios Africanos, Universidad Autónoma de Madrid) e Albert Farre Ventura (Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília) – elsa.gonzalez.aime@gmail.com
La historia juega un papel fundamental en la dimensión interdisciplinar de los estudios africanos. Aun cuando estos se centran en las cuestiones más inmediatas, se inscriben (o se pueden inscribir) dentro de procesos de transformación histórica mucho más amplios. Sin embargo, estas trayectorias temporales quedan muchas veces escondidas tras una cierta tiranía de lo inmediato, que las silencia o las convierte en cuestiones más implícitas que explícitas. Una de las críticas recurrentes a los estudios africanos es su énfasis en el marco geográfico, y las resonancias, eminentemente coloniales, de una manera determinada de entender África como si el continente fuera una unidad aparte del resto del mundo. Precisamente la historia es la disciplina que nos posibilita contextualizar la antigüedad de los vínculos entre sociedades de varios continentes desde una perspectiva no euro-céntrica. Por otra parte, también es cierto que los estudios históricos sobre África podrían ser más interdisciplinares. En el esfuerzo por la interdisciplinariedad, los historiadores podrían enriquecerse con nuevas perspectivas y temáticas. Además, podrían alimentar a su vez una mayor presencia o visibilidad de la dimensión histórica en los estudios africanos realizados desde otras disciplinas. Este panel quiere visibilizar la reflexión histórica subyacente en muchas de las investigaciones que se desarrollan en el ámbito de los estudios africanos. Hacer explícita la historicidad y evitar que la profundidad histórica se diluya cuando en realidad es fundamental para comprender porqué la cuestión estudiada es relevante. Esto es importante tanto para las investigaciones interdisciplinares como para los estudios más estrictamente históricos. Se quiere dar cabida a investigadores que aborden de manera crítica la dimensión histórica sobre la que construyen sus trabajos sobre cualquier cuestión relativa al continente africano, sea en su dimensión internacional o en el nivel más micro. El objetivo es reunir trabajos provenientes de múltiples disciplinas que problematicen desde el presente la transformación histórica del continente africano o de una fracción del mismo, sea en su pasado más reciente o más remoto, así como trabajos que problematicen el funcionamiento de los estudios históricos africanos, sus epistemologías y ontologías, y sus posibilidades para sustentar unos estudios de área genuinamente interdisciplinares. El formato del panel será de mesa redonda, con intervenciones cortas que planteen una reflexión sobre estas problemáticas a partir de la experiencia investigadora ligada al ámbito de los estudios africanos. Se dejará tiempo suficiente para generar un debate entre los intervinientes y asistentes. Los coordinadores del panel tienen interés en acomodar las tres lenguas del congreso tanto en las presentaciones como en el debate posterior.

 

Organização e Representação na Economia Informal nos PALOP: experiências e perspectivas
Carlos M. Lopes (Centro de Estudos Internacionais – Instituto Universitário de Lisboa) – carlos.m.lopes@iscte.pt
Na segunda metade dos anos 90 do séc. XX e nos primeiros anos do séc. XXI registou-se uma aceleração do processo de globalização, em paralelo com a intensificação de algumas das manifestações dele decorrentes, nomeadamente o decréscimo do trabalho formal em paralelo com o incremento de múltiplas formas de trabalho precário e de trabalho informal. O processo de informalização tem vindo a adquirir crescente dimensão em cenários diversificados, que incluem não apenas as sociedades em desenvolvimento mas também as sociedades em transição e as sociedades industrializadas mais desenvolvidas. Novas formas de pensar o fenómeno informal surgiram a par de múltiplas iniciativas e movimentos no sentido da organização dos operadores da economia informal. Este processo tem tido um carácter plural, incorporando acções associadas ao movimento sindical, ao movimento associativo e cooperativo, às redes sociais informais, aos grupos de poupança e crédito de pequena escala, às iniciativas das ONG, dos movimentos cívicos e de outras organizações da sociedade civil e tem ocorrido em diferentes regiões do planeta, nomeadamente em África, na América Latina e na Ásia. Trata-se de um processo recente no qual é possível identificar pelo menos três eixos distintos: o mais pujante, associado à extensão e ao alargamento das preocupações das estruturas sindicais formais face a realidades estruturantes do mercado de trabalho e das condições laborais de exercício de actividade e fortemente influenciado pela estratégia da Organização Internacional do Trabalho; um segundo eixo, constituído pelas organizações de proprietários, que tem conseguido adquirir alguma expressão no quadro de segmentos de actividade específicos, como é por exemplo o caso do transporte de passageiros ou de mercadorias; finalmente, um terceiro eixo, o mais incipiente, estruturado em torno de processos espontâneos e pontuais de auto-organização de trabalhadores independentes e/ou de assalariados informais, com uma matriz essencialmente de tipo associativista ou cooperativo. As situações verificadas nos diferentes países apresentam diferenças significativas. Recentemente começaram a consolidar-se igualmente processos de cooperação e de constituição de parcerias e redes entre diferentes tipos de organizações, a nível local, regional e internacional. Este painel estará receptivo a comunicações de diferente natureza: trabalhos de pesquisa aplicada, experiências transferíveis, realizações concretas de projectos, estudos de caso, abordagens comparativas, pistas para reflexão e/ou acção. A selecção das comunicações terá em conta os seguintes critérios: pertinência do tema em relação à temática do painel; rigor, qualidade e originalidade.
A palavra como espaço de cidadania
Iolanda Évora (CEsA/ISEG, Lisboa, Portugal) e Elísio Macamo (Centro de Estudos Africanos, Basileia, Suiça) – ioevora@hotmail.com
Há um certo sentido em que se poderia dizer que os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa depois das lutas pelas independências e pela criação de novos estados-nação, estariam a atravessar uma nova fase de recomposição política. Esta fase desenrola-se dentro dum contexto neo-liberal em que o discurso e a prática política e económica teimam em tornar ilegítimos quaisquer modelos alternativos de organização política e económica. O que torna os processos políticos actuais característicos é, contudo, o uso cada vez mais alargado da palavra – no debate, na interpelação do poder e na defesa de interesses dos menos favorecidos – como forma privilegiada de participação política e em contraste com as tradições autoritárias e populistas que, no passado, asfixiaram a manifestação da cidadania. Não obstante, hoje como ontem, a negociação da cidadania se faz sob o pano de fundo de mitologias políticas de libertação nacional, de democratização e até de desenvolvimento trazendo à superfície esferas públicas fortes, diversas e complexas. No passado, o compromisso com certas utopias políticas (socialismo e comunismo) produziu culturas políticas baseadas numa relação paternalista entre o Estado e a sociedade, cultura essa que reduziu o exercício da cidadania à realização do projecto político definido pelos libertadores da Pátria. Embora as trajectórias deste conjunto de países africanos sejam radicalmente diferentes e tenham incutido diversas formas a esta relação entre o Estado e a sociedade, em todos eles a cidadania está a ser agora constituída a partir da palavra em forma de intervenção pública. Nuns países a palavra é mais solta do que noutros, mas em todos eles ela está presente. Várias questões se colocam e sobre as quais o painel gostaria de reflectir, convidando para o efeito propostas de comunicações de natureza teórica e empírica que se debrucem sobre um país em particular ou sobre o conjunto desses países:1. Qual é a natureza da palavra na esfera pública dos PALOP, isto é como se faz uso da liberdade de expressão para interpelar o poder?2. De que maneira a palavra participa na produção duma cultura política local e quais são as referências ideológicas e filosóficas da intervenção pública?3. Que formas de cidadania emergem a partir das características que o debate político assume?4. De que maneira o uso da palavra reflecte processos de hegemonização das definições do mundo social por parte dos agentes políticos e quais são os efeitos disso nas explicações sobre a sociedade construídas a partir das independências?5. Qual é o papel das ciências sociais na esfera pública e como é que a tradicional preocupação com a objectividade e a neutralidade ganha de novo actualidade na intervenção pública?