Literatura e Opressão
Donato Ndongo-Bidyogo
Apresentação:
Donato Ndongo-Bidyogo é um escritor e jornalista da Guiné Equatorial com uma vasta obra publicada em espanhol e traduzida em várias línguas. Tem publicado ficção, poesia e ensaio e tem-se destacado pela sua escrita comprometida com os valores da liberdade, democracia e defesa dos direitos humanos. Publicou em 1984 a primeira antologia de literatura escrita da Guiné Equatorial, projeto editorial que conheceu várias reedições e que continua a ser uma referência para o estudo da literatura neste país. Nos últimos anos também publicou e refletiu sobre o papel dos emigrantes nas sociedades europeias, tendo sido o primeiro escritor africano a evidenciar num livro publicado na Europa todos os constrangimentos sofridos pelos emigrantes em busca de uma vida melhor. É, ainda hoje, considerado o “pai” da literatura escrita da Guiné Equatorial.
Resumo conferência:
Donato Ndongo-Bidyogo reflete sobre a relação entre literatura e opressão e o papel do escrito neste processo. Percorrendo a história da literatura equato-guineense também vai discorrendo sobre a história social e política do seu país. Aborda temas incómodos como a relação dos atuais estados africanos independentes com o colonialismo; a opção linguística enquanto ferramenta literária; a relação entre a cultura banto e a cultura hispânica, fruto do colonialismo; a luta pela liberdade, pelo desenvolvimento e pela dignidade, ainda distantes no seu país. Denuncia a situação na Guiné Equatorial, mas não abdica de reforçar as possibilidades de luta, sob diversas formas, que podem ser desencadeadas contra o regime que tem sufocado a progressão do país. Tudo isto debaixo de uma reflexão maior, como podem a arte e ciência ajudar a libertar um país? Como pode a literatura fomentar a resistência contra a opressão? Como pode o intelectual comprometido continuar a criar e a reivindicar o direito ao uso da estética em prol de uma mensagem política, social e cultural?
Estes são os pontos de partida que Donato Ndongo-Bidyogo se propõe desenvolver no seu diálogo com os participantes na conferência, numa profícua troca de ideias.