This Week in the News (March 17, 2017)

Tensão entre Turquia e Holanda

A semana na Europa começou atribulada com as tensões entre a Turquia e a Holanda (e em menor grau, a Alemanha). As autoridades holandesas impediram a entrada do Ministro dos Negócios Estrangeiros turco no país, onde se deslocava para participar num comício a favor do voto no AKP no referendo do próximo mês. Apostando forte no voto das comunidades emigradas na Europa, em especial na Alemanha e Holanda, o partido do Presidente Erdogan tem fomentado a participação de importantes figuras governamentais em comícios e manifestações de apelo ao voto. A violenta resposta de Erdogan, que comparou a posição holandesa a uma medida Nazi, agitou ainda mais os ânimos. Se por um lado escalaram os apelos a que a Turquia fosse definitivamente arredada do processo de integração europeu, como no caso do bávaro Suddeutsche Zeitung, por outro lado há vozes que apelam à serenidade e ao fim dos insultos, como no caso da própria Chanceler Merkel.

As Eleições Legislativas na Holanda

No entanto, apesar de a situação já ter serenado, nomeadamente com a permissão, por parte das autoridades de Roterdão para a realização de um comício do AKP para a comunidade turca, este caso colocou ainda mais a atenção nas eleições holandesas, decorridas na passada quarta-feira, dia 15 de Março. Apesar de a campanha ter sido disputada e de haver vários candidatos inesperados com sérias hipóteses de vencer, foi Geert Wilders quem captou a atenção. Líder do Partido da Liberdade, tem uma retórica anti-sistema, anti-imigração, anti-islâmico e fortemente populista, apesar de ser um dos deputados mais antigos do parlamento holandês. A derrota de Wilders, que ficou apenas como a segunda força política do panorama holandês, com cerca de 20 deputados (num total de 150). A vitória de Rutte foi um respirar de alívio por toda a europa. Afinal, como o ainda primeiro-ministro holandês e vencedor das eleições dizia durante a campanha, as eleições da Holanda foram os quartos de final de um campeonato eleitoral europeu em 2017 – sendo as eleições francesas as meias-finais e as alemãs a grande final. A questão é saber se o populismo nacionalista (Wilders, Le Pen e Petry são os líderes respetivos) sairá derrotado ou não. Rapidamente se sucederam as análises e as lições a tirar destes resultados. Os textos publicados no Politico e no Debating Europe são apenas duas das leituras possíveis. Do outro lado do Atlântico, também o New York Times se pronunciou sobre o tema, refletindo sobre as consequências para o resto da europa e das relações transatlânticas.

Encontro entre Trump e Merkel

As relações transatlânticas têm vivido dias complexos e não isentos de tensões, nestes primeiros meses da Administração Trump. Hoje, Angela Merkel, Chanceler Alemã, a líder do mundo livre e defensora da ordem liberal internacional, vai encontrar-se com o Presidente norte-americano em Washington para discutir vários dos problemas que assolam as relações entre EUA e a Alemanha (e a Europa). Mas os dois líderes não poderiam ser mais diferentes. Para termos uma ideia mais clara dessas diferenças, o New York Times compilou em vídeo o que separa Merkel e Trump. Apesar de se deslocar a Washington com um discurso de unidade e cooperação, dificilmente a Chanceler conseguirá ultrapassar estas diferenças, segundo a opinião do politólogo Chris Bickerton. Por seu lado, a imprensa alemã salienta a missão de Merkel: “convencer o líder americano, nestes tempos de grande incerteza, dos benefícios da cooperação multilateral e que, no que à europa diz respeito, a política externa americana tem sido um grande sucesso – assim como o apoio dos EUA à unidade europeia”.

O Referendo da Escócia

Na Europa, um dos mais recentes desenvolvimentos no processo do Brexit foi o anúncio, a meio da semana, de que a Escócia se preparava para referendar a sua relação com a Grã-Bretanha. Apesar das garantias de Theresa May, Primeira-Ministra Britânica, de que teria em atenção a posição pró-UE dos escoceses, a possibilidade de um referendo nesse sentido acabou por a Europa a refletir. O The Guardian é claro: a Espanha seria a primeira a bloquear qualquer tentativa da Escócia poder vir a juntar-se à UE, uma posição óbvia tendo em conta as tensões autonómicas dentro do seu próprio território. No entanto, Theresa May pode ter conseguido esvaziar as intenções escocesas por agora, adiando qualquer possibilidade de referendo até depois da resolução do processo de saída da Grã-Bretanha da UE.

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Ana Mónica Fonseca

Postdoctoral researcher at CEI-IUL. Guest Assistant Professor at ISCTE-IUL. Researcher at IPRI-UNL. Research interests: Southern Europe democratic transitions, Portuguese-German relations during Cold War, transatlantic relations, German History, democracy promotion and transnational history.

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