This Week in the News (February 17, 2017)

A subida do SPD na Alemanha

Franz-Walter Steinmeier foi escolhido no domingo para Presidente da Alemanha, através da eleição por um colégio eleitoral formado por deputados federais e por representantes dos Estados Federais. O cargo de Presidente na Alemanha é sobretudo simbólico, herdando ainda todas as cautelas da fundação do país após 1945. Não obstante, uma das principais funções do Presidente é a representação do país no exterior, algo que Steinmeier, como antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, desempenhará sem problemas. Aliás, a sua reputação enquanto MNE alemão, cargo que ocupou durante oito anos, sempre em governos de Grande Coligação com a CDU de Angela Merkel (que acumulou com o cargo de Vice-Chanceler), é apontada pela imprensa europeia e norte-americana como uma das mais valias para o novo cargo. Uma outra característica que não foi ignorada por nenhum dos media europeus é a posição crítica de  Steinmeier para com o Presidente Donald Trump e a frontalidade com que normalmente enfrenta os desafios.

O impacto da eleição de Steinmeier também já começa a ser sentido ao nível das intenções de voto dos alemães em geral. Num ano decisivo do ponto de vista eleitoral – a Alemanha terá eleições legislativas no outono deste ano – a escolha do antigo líder do SPD, partido Social-Democrata alemão, como Presidente começa a ter algum impacto. O New York Times destacou logo essa realidade no dia da decisão do colégio eleitoral germânico e, hoje mesmo, uma sondagem da ZDF destaca o crescendo das intenções de voto no SPD e, sobretudo, um apoio cada vez maior a Martin Schulz como possível Chanceler. Aliás, o papel de Schulz como o grande balão de oxigénio do centro-esquerda alemão (e talvez até europeu) foi destacado no editorial do Der Spiegel esta semana.

Aprovação do Acordo CETA

Nesta semana foi também aprovado pelo Parlamento Europeu o EU-Canada Comprehensive Economic and Trade Agreement, um controverso e debatido acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Canadá. O acordo, apesar de ainda precisar de ser ratificado pelos parlamentos nacionais dos estados-membros, não deixa de ser um sinal da preocupação com que a UE encara os desafios trazidos pela nova liderança dos EUA e a possibilidade de mudança de rumo no que à cooperação com a Europa diz respeito.

O futuro da NATO

A Organização do Tratado do Atlântico Norte, organização multilateral que enformou o compromisso norte-americano na defesa da Europa desde 1949 e que funcionou (funciona?) como símbolo máximo da aliança entre as duas margens do Atlântico, enfrenta por estes dias desafios significativos. Por um lado, a posição da administração Trump não é das mais favoráveis à manutenção da Aliança nos mesmos moldes que até agora. Por outro lado, a própria NATO está a passar por uma reflexão acerca do seu futuro. Durante esta semana foi conhecida a decisão dos aliados de criarem um novo hub regional para o Sul, baseado em Nápoles, Itália, com o objetivo de vigiar as ameaças à Aliança, provenientes nomeadamente do Norte de África e do Médio Oriente. Para o Deutsche Welle este é um sinal claro da aproximação entre a Aliança e a administração Trump. Por outro lado, a semana começou com as declarações do Secretário da Defesa, Jim Mattis, apelando a um aumento da participação dos aliados europeus nos custos da Aliança. Angela Merkel apressou-se a garantir que a Alemanha iria aumentar a sua comparticipação para a Aliança (que está muito abaixo dos 2%), mas de forma gradual – comprometendo-se em atingir aquele objetivo apenas em 2024.

Apesar destes novos compromissos, o futuro da Aliança não deixa de ser visto como estando em risco. Da opinião do Governador do Estado do Ohio, o republicano John Kasich, publicada no Spiegel International, que refere que o Ocidente está perante uma nova ameaça à segurança desde a II Guerra Mundial, ao artigo de Jeremy Shapiro na Foreign Policy, em que anuncia que a organização está perto do seu fim, o futuro está longe de ser brilhante. Porém, esse futuro vai depender muito – também – dos europeus e da maneira como irão evoluir as relações entre os dois lados do Atlântico.

Netanyahu em Washington

A visita de Benjamin Netanyahu a Washington marcou também esta semana. A possibilidade de Trump por de lado a histórica posição dos EUA de defesa de uma solução de “dois Estados” acabou por ser o principal elemento desta visita. No entanto, foram várias as reflexões acerca das relações israelo-americanas que acentuaram a importância da mudança de liderança norte-americana para o seu futuro.

International Press. Photo by Javier Micora / CC BY 2.0

CC BY-NC-SA 4.0 This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Ana Mónica Fonseca

Postdoctoral researcher at CEI-IUL. Guest Assistant Professor at ISCTE-IUL. Researcher at IPRI-UNL. Research interests: Southern Europe democratic transitions, Portuguese-German relations during Cold War, transatlantic relations, German History, democracy promotion and transnational history.

Leave a Reply